História da Paróquia

Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição

No período que se denomina Brasil Colônia (1530) até a proclamação da república (15/11/1889), o reconhecimento oficial de um povoado dependia da autorização integrada do Governo e da Igreja Católica.

 Mas, para que isso acontecesse, era necessário que no povoado existisse uma capela curada e uma quantidade expressiva de habitantes. O que acabou acontecendo em 1837 com a criação concomitante da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Viana e da Freguesia de mesmo nome.

Como relata o escritor Heribaldo Balestrero, o crescimento da população vianense “que já apresentava um movimento de 445 batizados e 76 casamentos” forçou o governo da época a promover a edificação de um templo católico, neste caso a Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição.

De acordo com Balestrero, essa obra começou em dezembro de 1815 e, e, 24 de junho de 1816, com o templo ainda em construção, foi realizado a primeira missa. Contudo a inauguração solene da matriz se deu em 22 de março de 1817 por Frei Domingos de Jesus Maria, Vigário de Vitoria.

A placa observada na parte frontal da Igreja revela que o próprio príncipe regente e o Governo da então capitania estiveram presentes à primeira missa.

“Estando no Brasil o príncipe regente Sr D. João, sendo intendente da polícia Paulo Fernandes Viana, Governador dessa Capitania Francisco Alberto Rubim, do ano de MDCCCXVI”.

O relato do autor informa ainda que a edificação foi aprovada pela provisão da Mesa de Consciência e Ordens* (órgão superior da administração judiciária que se instalou no Brasil com a vinda da corte portuguesa), em 4 de março daquele ano.

A Criação da Paroquia

Pelos Registros históricos, a Igreja Nossa Senhora da Conceição em Viana, foi elevada à condição de Paróquia em 1837 pelo Decreto nº. 13, da Assembleia Legislativa, sancionado pelo então Senador do Império e Presidente da Província do Espirito Santo, José Thomas Nabuco de Araújo.

Esse Mesmo Decreto reconhece definitivamente o povoado de Viana como Freguesia, dando a esta o mesmo nome de paróquia.

Mudanças Ocorridas na igreja

Em 200 anos de história, há de se esperar que mudanças expressivas tenham ocorrido na Matriz de Viana. Sejam elas físicas, religiosas ou até mesmo administrativas. A reportagem da Revista Jubileu 200 anos buscou essas informações em documentos oficiais, fotografias, jornais da época e também junto aos guardiões de memória do povo vianense (pessoas que presenciaram tais modificações e que nos cederam tão preciosas informações). Vale lembrar que por se tratar de relatos pessoais, ou seja, fatos vivenciados por essas pessoas e que pela via da oralidade foram revelados, foi necessário confrontar as diversas narrativas para chegarmos o mais próximo da realidade histórica. Mas para podermos estabelecer, com segurança, um parâmetro de comparação com os relatos dos membros mais antigos da Igreja, é necessário que nos utilizemos das informações encontradas no documento Arquitetura – Patrimônio Cultural do Espírito Santo, da Secretaria Estadual de Cultura.

Diz o texto:

“Construída nesse período fundacional, entre 1815 e 1817 (…), não se tem registro dessa edificação, parcialmente destruída em incêndio, ocorrido no ano de 1848, que atinge seu madeiramento primitivo, sua imagem, seus paramentos e parte de seu arquivo paroquial, salvos por Luiza Aurélia da Conceição. Contudo, ela nos chega por meio do relato de Saint-Hilaire, um viajante francês que percorre o Espírito Santo no ano de 1818, para quem a matriz de Nossa Senhora de Viana é um dos mais belos templos que encontrou em sua longa viagem pelas terras brasileiras. Do trágico incidente, restaram as torres e as paredes, além da imagem de Nossa Senhora e alguns livros. Provisoriamente coberta por palhas de coqueiro, a igreja é restaurada pelo padre João Pinto Pestana, numa obra responsável por sua configuração 8 atual.”

Corroborando o texto acima, o órgão noticioso e literário O TRABALHO, de propriedade do historiador vianense Heribaldo Balestrero, relata que o padre João Pinto Pestana, ao chegar a Viana no dia 01 de janeiro de 1856, imediatamente empreendeu esforços para recuperar os estragos sofridos pela matriz no incêndio de 1848. “… Foi ele quem a refez dos estragos sofridos, iniciando as obras em 18 de janeiro de 1858 e terminando-as em 31 de dezembro de 1859”, conclui Balestrero.

Sobre o incêndio

Não se sabe ao certo a origem de tal incêndio, mas se existiu alguém capaz de fazer tamanha maldade, houve também outrem com coragem suficiente para colocar sua própria vida em risco e salvar a imagem que ainda hoje simboliza a fé do povo, dando- -lhe ânimo para reconstruir o patrimônio perdido. Dona Luiza Aurélia da Conceição, açoriana que chegou a Viana em 1813, na primeira leva de imigrantes portugueses habitantes das Ilhas dos Açores, foi para os vianenses uma heroína que, além de ter doado o terreno onde está situada a igreja matriz, enfrentou as chamas do incêndio de 1848 para salvar a imagem de N. S. da Conceição e o arquivo paroquial. Desse incêndio sobraram as paredes e as duas torres da igreja. Mas o padre Pestana que conduziu sua reconstrução, entregou-a aos fiéis, ainda mais linda. Seu Alcelino Lyra, dono de uma memória irreparável, conta que na igreja havia três altares de madeira de cedro, todos feitos a canivete, mas com aparência digna dos mais modernos maquinários. “Dois altares estavam em baixo, no corpo da igreja e um grande, na capela mor. Aquele altar era uma beleza”, comenta, saudosamente, Alcelino. As imagens existentes na matriz também estão na memória de Alcelino: “A imagem de N. S da Conceição, padroeira de Viana, ficava no meio do altar mor, atualmente ela está do lado direito. Tinha também as imagens de Santa Cecília, São Benedito e São Sebastião. Tinha também uma imagem de N.S da Penha no corpo da igreja e a imagem do Coração de Jesus que ainda está lá.” Já Ivonete Lyrio, esposa de Alcelino, lembra que eles casaram-se na Matriz em 1965, em celebração realizada pelo padre Rômulo Neves Balestrero, e que nessa época o altar mor ainda estava presente na igreja, mas que foi retirado poucos anos depois, ainda na administração paroquial do mesmo padre Rômulo.

O Tombamento

166 anos após sua inauguração, finalmente veio o reconhecimento da importância da Igreja Matriz pelo Conselho Estadual de Cultura que achou por bem garantir que esse patrimônio do Estado do Espírito Santo fosse protegido definitivamente, por tombamento, o que ocorreu em 11 e março de 1983.

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